sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A vida aos saltos brincalhões

Como um bando de crianças, eles chegam ao alvorecer, saltando e fazendo ruídos que parecem gritinhos de alegria. Durante toda a manhã, permanecem nas águas claras, calmas, profundas e com variadas tonalidades de azul da Baía dos Golfinhos, em Fernando de Noronha. Ali descansam, cuidam de seus filhotes e se reproduzem. No início da tarde, deixam a enseada e saem para o mar aberto em busca de alimento.
Esse movimento se repete todos os dias no único lugar do Oceano Atlântico que os golfinhos rotadores escolheram para descansar, procriar e saltar alegremente.
No Oceano Pacífico, o encontro ocorre em Kealakekua Bay, no Havaí.
Essa espécie de nome científico Stenella longirostris, vive também no Oceano Índico, tem filhotes de até um metro e os adultos atingem o dobro, chegando a pesar 90 kg. Sua grande agilidade deriva, em parte, de seu formato hidrodinâmico e de uma pele oleosa que reduz drasticamente o atrito com a água. Isso permite que os golfinhos alcancem a velocidade necessária para realizarem seus saltos e piruetas. O período de gestação é de dez meses e tem vida média de vinte anos. Alimentam-se principalmente de pequenos peixes e lulas. Podem descer até a 300 metros de profundidade para capturar suas presas e permanecerem submersos por até 3 minutos. Seus predadores conhecidos são tubarões, orcas e algumas espécies de baleias. 

Apesar de muito alegres e brincalhões, parecendo querer a participação dos humanos, eles também tem as suas preferências e não abrem mão delas. No Havaí, a convivência com barcos lotados de turistas curiosos causou reflexos desastrosos. Muitos golfinhos rotadores se afastaram de Kealakekua Bay.

Um decreto de 1987 tornou a Baía dos Golfinhos área de proteção máxima e em 1990 foi fundado pelo oceanógrafo gaúcho, José Martins da Silva Júnior, o Centro Golfinho Rotador com o objetivo pesquisar o comportamento dos rotadores, protegê-los da pesca predatória e implementar meios para a preservação do habitat e da espécie no local, através da criação de condições para que o turismo e os golfinhos convivam de maneira equilibrada.   

Conheça os principais hábitos dos golfinhos rotadores, descorbertos pelos pesquisadores de Fernando de Noronha:

O cenário: os primeiros relatos da presença dos cetáceos no arquipélago datam de 1556. Cerca de 300 adultos e filhotes, em média, frequentam diariamente a Baía, onde permanecem de 5 a 9 horas.
A organização: durante a permanência na Baía, eles se dividem em grupos de descanso, cópula, cuidado com os filhotes e defesa.
A alegria: nadam geralmente em grupos, são ruidosos e agitados. Parecem se divertir o tempo todo e dão a impressão de nos convidar a brincar com eles.
O mergulho: eles inspiram e expiram por um orifício localizado na parte superior da cabeça.
A cópula: a fêmea é cortejada por até dez machos simultaneamente e todos a fertilizam, um por um. O macho volta o ventre para cima e se posiciona embaixo da fêmea. Os machos alcançam a maturidade sexual quando possuem de 7 a 10 anos de idade, enquanto as fêmeas de 4 a 7 anos, podendo gerar um filhote a cada três anos.
Os saltos: podem chegar a tres metros de altura e os pesquisadores acreditam que os ruídos que provocam são maneiras de se comunicar com o grupo. Ao saltar, giram no ar, daí o adjetivo rotadores. Chegam a dar 7 giros completos no ar antes de cair de volta na água. É a unica espécie de golfinho a executar tais rotações.
A amamentação: quando querem mamar, os filhotes esfregam ou dão pequenas batidas na glândula mamária da mãe. O período de amamentação dura de 11 a 34 meses.

"É fascinante pesquisar o comportamento deles. Novidades surgem quase todos os dias. Fico encantada", diz a oceanógrafa Valéria Machado, integrante da equipe. 

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