Ao assumir o poder no Politburo em 11/3/1985, Mikhail Gorbachev conclamou o povo soviético a implementar as reformas política glasnot (transparência) e econômica perestroika (reestruturação) na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), na época composta por 15 membros.
Tarde demais. O povo, exaurido de tanto autoritarismo e opressão, ansiava por mudanças.
Já em 1986 ocorrem na Letônia e no Cazaquistão as primeiras manifestações contra o governo e as reformas, dando início ao movimento separatista.
Em 8/12/1991 os presidentes de Rússia, Ucrânia e Bielorrússia declaram que a URSS não existe mais e fundam a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
Em 1989, durante a onda revolucionária liberalizante que varreu o Bloco Leste da Europa, não mais suportando os protestos, caem os regimes comunistas na Polônia, Hungria, Bulgária, Tchecoslováquia e Romênia. Cai também, após 28 anos da existência, o Muro de Berlim, reunificando a Alemanha.
Em 25/12/1991 Gorbachev renunciou e a URSS se desintegrou em 15 países independentes.
Era o fim do regime comunista com ideologia marxista no estilo socialista revolucionário, implantado no rastro dos ideais da Revolução Russa de 1917. A cortina de ferro, durante 75 anos, teve como líderes e chefes de governo sucessivamente Vladimir Lenin (1917 a 1924), Josef Stalin (1924 a 1953), Nikita Khrushchev (1953 a 1964), Leonid Brejnev (1964 a 1982), Yuri Andropov (1982 a 1984), Konstantin Chernenko (1984 a 1985) e por último Mikhail Gorbachev (1985 a 1991).
Conheça o cenário em cada um dos 15 países por ordem sequencial crescente cronológica de conquista da independência.
Lituânia, capital Vilnius
O maior e mais populoso Estado báltico foi a primeira república a restaurar sua independência em 11/3/1990. É uma democracia parlamentar e faz parte da União Européia e da OTAN. É o presidente que nomeia o primeiro-ministro e respectivo gabinete. O país concentrava a maior parte de seu comércio com a Rússia porém, com a crise russa de 1998 passou a direcioná-lo para o Ocidente, ingressando também na OMC (Organização Mundial do Comércio). Tem PIB de US$36 bilhões em 2010.
Geórgia, capital Tbilisi
Declarou sua independência em 9/4/1991 mas ainda enfrenta tensões com a Rússia que ocupa militarmente as regiões de Abkhazia e Ossétia do Sul em apoio aos separatistas. O governo é presidencialista. A economia gira em torno do turismo no Mar Negro, do cultivo de frutas, da mineração do manganês e do cobre e da exportação devinho, demetais, demaquinaria, de produtos químicos e de produtos têxteis. Tem PIB de US$11,66 bilhões em 2010.
Estônia, capital Tallinn
A menor e a mais ocidentalizada república báltica proclamou sua independência em 20/8/1991. O país tem ligações culturais e históricas com os países nórdicos, particularmente com a Finlândia, a Suécia e a Dinamarca.
É um Estado autônomo desde a promulgação da Constituição de 1917, em decorrência da industrialização e da elevação do nível cultural da população.
Em 1940 foi ocupada pela URSS e permaneceu sob domínio soviético por 52 anos. Uma pesquisa do Instituto Gallup, de 2009, indica que os estonianos são o povo menos religioso do mundo. Apenas 16% da população considera que a religião desempenha um papel importante em suas vidas. O sistema de governo é o parlamentarismo, no qual um primeiro-ministro governa o país, nomeado pelo Parlamento, com indicação do Presidente da República. Faz parte da União Européia e da OTAN.
A alcunha de tigre báltico é o resultado da transição de economia centralizada para a de mercado, com investimento estrangeiro, aumento do crédito e consumo interno, além do trabalho barato e produção industrial de baixo valor agregado. Os produtos agrícolas em destaque são batata, vegetais, peixes e leite. Os principais setores da indústria são construção, eletro-eletrônica, madeira, têxtil e telecomunicações. A Estónia exporta 2/3 de tudo o que produz, principalmente os serviços de turismo. Extensas áreas de floresta intocada no território estoniano permitiram a sobrevivência de uma grande quantidade de linces, javalis selvagens, ursos pardos, lobos e alces, dentre outros animais. Sua população de aves inclui a águia real e a cegonha branca. Tem uma dúzia de parques nacionais e áreas de proteção. Passou a adotar o Euro oficialmente a partir de 1/1/2011. Tem PIB de US$19,2 bilhões em 2010.
Letônia, capital Riga
Depois da independência em 21/8/1991 privatizou vários setores da economia e viveu um crescimento rápido mas começou a desacelerar a partir de 2007. Faz parte da União Européia e da OTAN, e atua em conjunto com EUA para promover a democracia em países da região. O primeiro-ministro possui total responsabilidade e controle sobre seu gabinete, e o presidente da república tem apenas uma função cerimonial como chefe de estado. A indústria atende à demanda dos mercados locais, enquanto a madeira, papel e produtos agrícolas são os principais itens da pauta de exportações do país. Tem PIB de US$23,7 bilhões em 2010.
Ucrânia, capital Kiev
Tem o segundo maior Exército da Europa, depois da Rússia. Independente desde 24/8/1991, adotou um governo presidencial parlamentarista e implementou uma economia de mercado. É o sétimo maior produtor de aço do mundo. No setor de manufaturados, o país fabrica equipamentos metalúrgicos, locomotivas a diesel, tratores e automóveis. Possui uma enorme base industrial de alta tecnologia de eletrônica, armamentos e espacial. O país é um grande produtor de trigo, açúcar, carne e laticínios. Tem PIB de US$137,3 bilhões em 2010.
Bielorrússia, capital Minsk
Separou-se da URSS em 25/8/1991 e adotou um governo presidencialista. A Bielorrússia é a única nação da Europa que ainda aplica a pena de morte como punição para determinados crimes. Quatro locais foram classificados pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade: o Complexo do Castelo de Mir, o Castelo de Nesvij, o Belovejskaya Pushtcha (Parque Nacional partilhado com a Polônia) e o Arco Geodésico de Struve (partilhado com outros nove países, é um conjunto de triangulações que se estende por cerca de 2820 km, do Mar Morto ao Ártico, cujos vértices da triangulação foram estabelecidos pelo astrónomo germano-báltico Friedrich Georg Wilhelm von Struve e consistiu na primeira medição rigorosa de um longo segmento de meridiano que permitiu estabelecer o tamanho e forma exatos do nosso planeta). É um dos estados mais desenvolvidos industrialmente na área têxtil e no processamento de madeira. Tem PIB de US$116 bilhões em 2010.
Moldávia, capital Quichinau
É um dos países mais pobres da Europa. Promulgou a independência em 27/8/1991 e tem governo parlamentarista. A economia é muito dependente da agricultura, produzindo frutas, produtos hortícolas, vinho e tabaco. Tem PIB de US$5,81 bilhões em 2010.
Azerbaijão, capital Baku
Depois da independência em 30/8/1991 adotou um regime presidencialista. Tem importantes jazidas de petróleo, cobre e ferro. Tem PIB de US$51,79 bilhões em 2010.
Quirguistão, capital Bíshkek
A separação da URSS em 31/8/1991 não foi o fim da turbulência. Protestos políticos e violência étnica são freqüentes e deixam mortos. O presidente é o chefe de estado e o primeiro-ministro é o chefe de governo. O país abriga uma base militar dos EUA e outra da Rússia. A agricultura contribui com 35% do PIB. Cultivam-se algodão (quinto produtor mundial), beterraba, tabaco, frutas, hortaliças e cereais. A produção ovina e equina é bastante desenvolvida. A apicultura é outra criação em destaque. A mineração de ouro representa 45% do PIB e 40 % das exportações. Tem PIB de US$4,49 bilhões em 2010.
Uzbequistão, capital Tashkent
Independente a partir de 1/9/1991, reelege o mesmo presidente há mais de 20 anos, em pleitos não considerados livres. O país procura diminuir a sua dependência do setor agrícola (segundo maior exportador mundial de algodão) através da exploração de suas reservas minerais e petrolíferas. Tem PIB de US$37,29 bilhões em 2010.
Tadjiquistão, capital Khujand
Após sua independência em 9/9/1991, mergulhou em uma devastadora guerra civil que durou até 1997. Em 1999 houve eleições pacíficas para presidente e para o parlamento, e vem consolidando a estabilidade política. A economia é altamente vulnerável a choques externos e dependente das exportações de algodão e de alumínio. É um dos países mais pobres do mundo. Tem PIB de US$5,64 bilhões em 2010.
Armênia, capital Erevan
Tornou-se independente em 21/9/1991 e viveu vários momentos de instabilidade política. Há eleições parlamentares e presidenciais. Desenvolveu um moderno setor industrial, abastecendo com máquinas, tecidos e outros produtos manufaturados as suas "repúblicas irmãs" em troca de matéria-prima e energia. Metade da população vive abaixo da linha de pobreza. Tem PIB de US$9,4 bilhões em 2010.
Turcomenistão, capital Asgate
O presidente é o chefe de governo e de estado e tem controle quase absoluto da vida do país desde a sua independência em 27/10/1991. É um país predominantemente desértico, com uma agricultura intensiva em oásis irrigados, e com vastas reservas de petróleo e gás natural. Tem PIB de US$16,24 bilhões em 2010.
Cazaquistão, capital Astana
Declarou-se independente em 16/12/1991 e o regime presidencialista atua com rigor desde então, tendo amplos poderes. Com uma área de 2,7 milhões de km² é o nono maior país do mundo e o maior sem costa marítima. A economia baseia-se essencialmente nas exportações de petróleo, tendo, de acordo com certas estimativas, reservas equivalentes as do Iraque. Produz 13% da produção total de urânio no mundo e dispõe de 17% das reservas mundiais de urânio. Tem PIB de US$102,5 bilhões em 2010.
Boris Yeltsin foi eleito presidente da Rússia em junho de 1991 na primeira eleição direta presidencial na história russa. Durante e após a desintegração soviética, amplas reformas, incluindo a privatização, mercados livres e a liberalização comercial, estavam sendo realizadas. Tudo isso resultou em uma grave crise econômica, caracterizada pela queda de 50% do PIB e da produção industrial de 1990 a 1995. A privatização, em grande parte, deslocou o controle de empresas dos órgãos estatais para indivíduos com ligações dentro do sistema de governo. Muitos dos empresários "novos-ricos" levaram bilhões em dinheiro e ativos para fora do país em uma enorme fuga de capitais. A depressão do Estado e da economia levou ao colapso dos serviços sociais e milhões de pessoas mergulharam na pobreza. A década de 1990 assistiu ao surgimento da corrupção extrema e da ilegalidade, dando origem às quadrilhas criminosas, conflitos étnicos e ataques terroristas. A Rússia assumiu a responsabilidade pela liquidação das dívidas externas da URSS, apesar de sua população ser apenas metade da população do Estado Soviético na época da sua dissolução. Elevados deficits orçamentários provocados pela crise financeira em 1998 resultaram em um declínio ainda maior do PIB.
A Federação Russa foi criada na sequência da dissolução da URSS, mas é reconhecida como um Estado sucessor da URSS, inclusive mantém a sede do governo no Kremlin. É um dos cinco Estados reconhecidos com armas nucleares do mundo, além de possuir o maior arsenal de armas de destruição em massa do planeta. É membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em 31/12/1999, Yeltsin renunciou, entregando o posto para o recém-nomeado primeiro-ministro Vladimir Putin, que depois ganhou a eleição presidencial de 2000. Putin controlou rebeliões e a violência, retomou a ordem, a estabilidade e o progresso. A alta dos preços do petróleo e uma moeda (rublo) inicialmente fraca, seguido do aumento da demanda interna, consumo e investimentos tem ajudado a economia a crescer, melhorando a qualidade de vida da população e aumentando a influência da Rússia na cena mundial. Apesar das muitas reformas feitas durante a presidência de Putin e da sua grande popularidade, seu governo foi criticado pelas nações ocidentais como sendo uma liderança não-democrática. Em 2/3/2008, Dmitry Medvedev foi eleito Presidente da Rússia, enquanto Putin se tornou primeiro-ministro. Integradas ao governo russo há 21 repúblicas, entre elas a Chechênia, capital Grozni, que declarou sua independência após o fim da URSS mas não foi reconhecida por nenhum país. Há, desde então, frequentes conflitos armados entre os chechenos e o exército da Rússia que tem interesse estratégico em tê-la subordinada à Moscou, principalmente em razão da passagem pelo seu território de oleodutos dos poços de petróleo da região do Mar Cáspio interligados à rede de dutos da Rússia.
A Rússia tem uma economia de mercado com enormes recursos minerais, particularmente petróleo e gás natural. Nos últimos anos, tem sido frequentemente referenciada como uma "superpotência energética". O país tem as maiores reservas mundiais de gás natural, a 8ª maior reserva de petróleo e a segunda maior reserva de carvão. É o maior exportador e o segundo maior produtor de gás natural do mundo. É o segundo maior exportador e o maior produtor de petróleo do planeta, em alternância com a Arábia Saudita, de tempos em tempos. Tem PIB de US$1,477 trilhão em 2010, quase três vezes maior do que a soma dos PIB dos demais 14 países "irmãos".
Seu vasto terrotório de 17 milhões de km², o maior do mundo, ocupa quase metade da Europa e um terço da Ásia. Sua costa marítima de 37 mil km é banhada pelos oceanos Atlântico e Pacífico e pelos mares Ártico, Negro e Cáspio.
É o terceiro maior produtor de eletricidade do mundo e o quinto maior produtor de energia renovável. Há grandes usinas hidroelétricas na parte européia e na parte asiática, e um gigantesco potencial hidrelétrico na Sibéria e no Extremo Oriente ainda inexplorado. Foi o primeiro país a desenvolver energia nuclear para fins civis e construiu a primeira usina nuclear do mundo, na cidade de Obninsk, onde funcionou de 1954 a 2002. Em 2011 é o quarto maior produtor mundial.