A Prefeitura do Rio de Janeiro decretou oficialmente na cabalística data de hoje, 12/12/12, o tombamento de 13 bares e botequins como Patrimônio Cultural Carioca.
O decreto considera tais estabelecimentos como locais de convivência democrática, que traduzem o "espírito" carioca de reunir, comemorar e festejar. Na seleção levou-se em consideração também o valor que esses bares e botequins tradicionais tem na preservação da memória intangível da cultura carioca, comentou o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade que coordenou os estudos. Outros aspectos importantes foram a ancestralidade, as características do modus operandi, a continuidade histórica e a relevância local que se tornaram referência para a memória, a identidade cultural e a formação social do carioca.
No Abotica 2013, seminário internacional que discute a importância dos botequins, o foco principal será sensibilizar os empresários a manter as características originais dos seus estabelecimentos, evitando a padronização imposta pelas cervejarias. Um dos convidados, o botequim McSorley's Old Ale House, abriu suas portas em Manhattan, New York, em 1854 e ainda cobre o chão com serragem, entre outras originalidades centenárias que permanecem intocáveis ao longo dos seus 158 anos!
No Abotica 2013, seminário internacional que discute a importância dos botequins, o foco principal será sensibilizar os empresários a manter as características originais dos seus estabelecimentos, evitando a padronização imposta pelas cervejarias. Um dos convidados, o botequim McSorley's Old Ale House, abriu suas portas em Manhattan, New York, em 1854 e ainda cobre o chão com serragem, entre outras originalidades centenárias que permanecem intocáveis ao longo dos seus 158 anos!
Adega da Velha - década de 1960 em Botafogo
Rua Paulo Barreto 25 lojas A e B
Em um ambiente que prima pela simplicidade, o cliente tem a opção de se acomodar no pequeno salão refrigerado, numa das mesinhas da calçada ou, se preferir, beber seu chope e petiscar de frente para o balcão de aço. A casa é conhecida entre os entusiastas da culinária nordestina e serve pratos típicos da região de seu Francisco, dono do restaurante. Segundo ele, a carne de sol é o destaque da casa, e pode vir acompanhada de baião de dois, aipim frito e queijo coalho derretido. A carne seca acebolada com aipim e a picanha de sol também fazem sucesso entre os clientes. Às sextas e sábados, a adega serve uma farta feijoada.
Adega Pérola - 1957 em Copacabana
Rua Siqueira Campos 138 loja A
Inaugurada por portugueses da Ilha da Madeira, ficou famosa por receber artistas e pessoas ligadas à cultura da cidade. Com a morte do último dos três sócios, a casa foi comprada por dois antigos clientes. No cardápio, mais de 100 opções de petiscos, como o Pérolas do Mar (Combinado de iguarias do mar com vieiras, camarões e mexilhões). Eles podem ser acompanhados por chopp, cerveja gelada, vinhos, 23 tipos de cachaças ou batidas de frutas. Entre os tira-gostos oferecidos, o alho espanhol ao vinagrete, a mussarela de búfala e o aspargo in natura são boas pedidas. O bar é famoso pelo chope e pela carta de petiscos que incluem bolinho de bacalhau, sardinha, polvo, batatinha calabresa e os famosos rolmops: rolinhos de sardinha crua marinada com cebola. A casa sugere também as saladas de bacalhau e de polvo.
Adonis - 1952 em Benfica
Famoso pelo chope gelado e pelo Bolinho de Bacalhau, o bar já foi eleito o melhor da cidade, superando as principais casas de culinária portuguesa do Rio de Janeiro. O amplo espaço conta com cardápio variado, no qual é possível encontrar vários pratos feitos com bacalhau, carnes, aves, e outros peixes, bem como petiscos e sanduíches. Em cada dia da semana são servidos alguns pratos específicos, como Galinha ao Molho Pardo com Arroz e Batatas; Cozido Especial com Pirão e Feijão Branco; Rabada com Batatas, Agrião, Arroz e Polenta; Dobradinha com Feijão Branco e Arroz; Cozido Especial com Pirão e Feijão Branco.
Amendoeira - década de 1950 em Maria da Graça
Rua Conde de Azambuja 881
O ambiente simples, o belo balcão e, na frente, a árvore que batiza este estabelecimento acentuam o clima de sossego suburbano. Filha do antigo dono, Cesar, falecido em abril de 2009, Carine Rezende leva o negócio adiante. É um ótimo lugar para passar a tarde de sábado jogando conversa fora enquanto se aprecia o chope schnitt, na pressão, e o duplo, sem colarinho. De cardápio típico, o bar aposta em poucos, porém bons petiscos. A carne seca cortada em cubos e envolta em farinha é o hit da casa. Outro tira-gosto muito pedido é o bolinho de carne moída, que os clientes apelidaram de "feio", por causa de seu aspecto, e o bolinho de bacalhau com camarão. Prestigiado reduto da boemia na Zona Norte carioca, o bar conserva azulejos coloridos originais, característicos da atmosfera suburbana.
Armazem Cardosão - década de 1940 em Laranjeiras
Rua Cardoso Júnior 312
O lugar surpreende ao parecer um pedaço do subúrbio escondido na Zona Sul. O Cardosão fica bem no alto da Rua Cardoso Júnior, em Laranjeiras, perto da quadra onde ensaia o bloco Xupa, mas não baba, mas a subida ladeira acima vale muito a pena. A simplicidade do ambiente esconde uma cozinha cheia de predicados. Ainda com jeito de mercearia antiga, o bar recebe espontâneas rodas de samba promovidas pelos frequentadores e, justamente por isso, elas não têm dia e hora marcados para acontecer. Mas, felizmente, a feijoada tem todo sábado, a partir das 13h50 mas o problema é que às vezes acaba cedo. Se for o caso, dá para pedir linguado, porção de calabresa, batata frita ou as suas disputadas empadinhas. Antes da subida, aproveite a feira popular da Rua General Glicério. E na quinta é dia de caldo de mocotó.
Bar da Dona Maria - 1950 na Tijuca
Rua Garibaldi 13
Café e Bar Brotinho é o nome oficial, gravado em letras negras pregadas na parede verde-clara, já com sinais de desbotamento. Mas ninguém sabe. Este clássico da Muda é um dos bares cariocas de caráter e personalidade, como a proprietária Dona Maria do Rosário, portuguesa radicada no Rio desde 1957, que mantém a administração familiar, dá expediente detrás do balcão e conhece os clientes pelo nome. As paredes são de azulejo e o balcão, de mármore, como antigamente. O refrigerador é praticamente uma peça de antiquário mas gela as cervejas à perfeição. Gonzaguinha e Ivan Lins bicavam uma cervejinha no boteco que completou meio século em janeiro de 2010. Já o compositor Moacyr Luz ainda hoje volta e meia aparece. Em 2007, com a abertura do Centro de Referência da Música Carioca (CRMC), o clássico botequim conseguiu renovar seu público. Entre os salgadinhos, destaques para os pastéis, as empadinhas e os croquetes de carne. Para acompanhar, cerveja de garrafa no ponto. No sábado tem feijoada e risoto de camarão.
Bip Bip - 1968 em Copacabana
Rua Almirante Gonçalves 50 loja D
O típico "pé sujo", inaugurado por Alfredo Jacinto Melo (ou Alfredinho), é também ponto de encontro de grandes músicos cariocas. Rodas de choro e samba animam as noites do bar, cuja calçada está sempre repleta de frequentadores. Nomes como Beth Carvalho, Walter Alfaiate e Claudio Camunguelo já deram canja por lá. O serviço é totalmente informal e os clientes podem pegar a própria cerveja, diretamente da geladeira. E se a fome bater, o botequim oferece porções de linguiça fatiada, salaminho, bolinho de bacalhau e quibe. O reduzido espaço de apenas 18m² (é inacreditável a saudável bagunça que se produz em tão pouco espaço!) é o local onde todo músico de samba, bossa nova e choro, do mais sensacional ao iniciante, já tocou ou vai tocar, por puro prazer. Lugar que resume bem as contradições, as maluquices e o charme do bairro mais famoso da cidade. É uma reunião de lendas urbanas e palco etílico e afetivo de histórias incríveis. Da inauguração em 13 de dezembro de 68, no fatídico dia do AI5 imposto pelos militares (só o Bip mesmo para alegrar um dia tão sombrio). Da combinação de Alfredo com o antigo proprietário, que vendeu o bar por N doses de whisky, consumidas ao longo dos anos. Do bloco de carnaval mais anárquico e bêbado da cidade e do Rancho Carnavalesco Flor do Sereno, nascido e criado naquele cubículo. Da ceia de Natal organizada anualmente para os moradores de rua da região. Do grupo de assíduos que assume o bar quando a saúde do Alfredo prega uma peça. Do maluco de estimação, o querido e histérico João Pinel. Dos frequentadores famosos e anônimos ilustres, sempre dando intermináveis plantões.
Casa da Cachaça - 1960 na Lapa
Av. Mem de Sá 110
Fundada pelo saudoso Oswaldo da Costa, falecido em 2006, por inspiração do cartunista Jaguar, a casa abriga mais de 2000 tipos diversos de aguardente. Além da degustação em copo farto, a casa oferece de brinde a Carteira de Cachaceiro, um bem-humorado atestado de pé-de-cana. Escondido no antigo Largo do Bonde, hoje Praça João Pessoa, famoso por ser ponto final de bondes, nesse espaço pequeno e apertado, onde quer que se olhe estão as garrafas, em cascatas, penduradas como frutas, nas prateleiras, enfileiradas ou solitárias. Muitas cobertas de poeira, com seus rótulos carcomidos, sinal dos tempos idos. A mais antiga é a Melado da Bahia, de 1962. Fotos de Madame Satã, desenhos de Carlos Zéfiro, o bravo São Jorge, o alambique, a antiquíssima máquina registradora, fundo sonoro com Nelson Cavaquinho, Aldir Blanc, Clara Nunes e mais dezenas de bambas, dão um charme especial ao ambiente. “Seu Osvaldo”, um brasileiro aportuguesado, que se intitula com muito orgulho de Caçador de Cachaça, diz que o cachaceiro é o apreciador da boa cachaça, o pinguço é o beberrão, bebe até água misturada com álcool. "É produto da terra, abençoada por Deus, a cachaça”, diz ele.
Cervantes - 1955 em Copacabana
Av. Prado Júnior 335 loja B
Fundado em 1955, o Cervantes era, no princípio, uma mercearia. Na década de 60 foi adquirido pelos atuais sócios espanhóis, cresceu e tornou-se restaurante mas manteve sua principal vocação de servir grandes e saborosos sanduíches que ficaram famosos pela qualidade e fartura. Na casa, muitos quadros estampam a figura do escritor espanhol Miguel de Cervantes, autor do clássico Dom Quixote. Os 32 tipos de sanduíches da casa tem como marca registrada virem sempre com abacaxi e pão de leite, crocante por fora e macio por dentro, de produção própria. Todos dão água na boca. Não é à toa que o restaurante foi eleito o melhor nessa categoria durante anos seguidos. Abriu duas lojas na Barra da Tijuca em 1994 no Via Parque Shopping e em 2005 na Av. das Américas 5777.
Jobi - 1956 no Leblon
Avenida Ataulfo de Paiva 1166 loja B
Aberto em 1956, o tradicional bar é um dos mais célebres da Zona Sul, reduto da boemia da cidade e aberto todos os dias da semana. Costuma estar cheio, reunindo um público ávido por ver gente e tomar um chope gelado, no burburinho do Baixo Leblon. É um animado ponto de encontro da turma pós-praia ou de boêmios madrugada afora e adentro. Tem varanda e salão interno acanhados. Construída em 1994, a varanda leva a assinatura do arquiteto Chicô Gouvêa, freguês da casa, assim como o apresentador Miele e o músico Davi Moraes. Sócio do bar há 50 anos, Manuel Narciso cuida para que o local esteja sempre limpo e o atendimento impecável. O bar serve desde omelete, batata frita e empadinhas de frango e camarão até pratos como bacalhau à Gomes de Sá. Rissoles de camarão com catupiry, bolinhos de bacalhau, rã à doré com salsinha e carne-seca com farofa também estão entre os petiscos.
Pavão Azul - 1950 em Copacabana
Rua Hilário de Gouveia 71 lojas A e BPavão Azul - 1950 em Copacabana
Considerado por muitos o mais famoso pé-sujo do bairro. É um bar pequeno com cerca de dez mesas, todas na calçada. Graças ao dedicado e eficiente trabalho das irmãs Vera e Bete Afonso, o popular local é um ambiente de estilo informal muito frequentado. Não raro é possível ver conhecidos artistas e intelectuais se misturando aos ilustres anônimos que chegam a lotar o bar quase todos os dias. Os pratos e petiscos de frutos do mar compõem a maioria das opções da casa. Destaque para prato com risoto de camarão, arroz de polvo e filé de linguado com batata e arroz e para a casquinha à moda pavão azul (casquinha de bacalhau com molho da casa). Tem ainda pastéis de camarão, queijo e carne que agradam muito, e a disputadíssima patanisca de bacalhau.
Salete - 1957 na Tijuca
Salete - 1957 na Tijuca
O bar foi fundado em 1957 pelo espanhol Manolo que optou pelo nome em homenagem a sua Santa de devoção, Nossa Senhora da Salete. Conquistou a freguesia com seu espírito carioca e o prazer de receber bem, com pratos bem servidos e as empadinhas que mantém a saborosa fama até hoje. A casa funciona em um belo e antigo sobrado e preserva a típica arquitetura de botequim carioca, com paredes de azulejos brancos e azuis e o chão em preto e branco. É um belíssimo exemplar do ambiente chamado botequim e, só por isso, já vale uma visita de todos os amantes desta instituição. Após a morte em 2003 do fundador, a casa passou a ser administrada pelas filhas que preservaram a arquitetura original do lugar. Além da fantástica empada, considerada por muitos a melhor do Rio, há pratos famosos como o risoto de camarão e o filé à Salete com batatas prussianas, presunto e palmito.
Villarino - 1953 no Centro
Inaugurada como uisqueria, a casa é hoje uma mistura de bar e delicatessen. Virou símbolo e referência da boemia carioca, onde ao final do expediente, poetas, intelectuais, músicos, juízes, advogados, médicos e outros profissionais, amantes de uma boa bebida e um bom papo para descontrair, se encontravam naquela época. Foi em uma das suas mesas que, no verão de 1956, Tom Jobim foi apresentado ao poetinha Vinícius de Moraes, por Lúcio Rangel para musicar a peça Orfeu da Conceição, lançada ao público meses mais tarde. Também foi ali onde se ouviu pela primeira vez o termo Bossa Nova, que ninguém sabia ao certo o que significava, mas acabou dando nome ao novo estilo musical que revolucionou e marcou uma era, admirado no Brasil e no mundo. Dizem que seu autor e primeiro a usar o termo foi Fernando Lobo, usando como qualitativo para nomear tudo que era novidade, outros atribuem a Lúcio Rangel, mas não resta dúvida de que foi no tradicional bar que o termo e o novo estilo musical surgiu. Em uma das paredes do bar, foi instalado um painel fotográfico, em tamanho natural, para homenagear aqueles ilustres boêmios intelectuais. Nessa parede os freqüentadores registravam sua passagem, onde faziam dedicatórias e rabiscos. Pancetti, Di Cavalcanti e Augusto Rodrigues lá deixaram seus primeiros traços e pinceladas, Ary Barroso registrou ali sua inspiração e as primeiras letras da famosa Aquarela do Brasil. O cardápio reúne pratos tradicionais como bacalhau à Gomes de Sá - servido às terças - panquecas de carne e carne assada. Há também opções de tira-gostos, como filé mignon aperitivo e mix de frios.
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